CINISMO OCIDENTAL E A DEMOCRACIA COM COR

O ocidente fingiu não ouvir. Limpou a cera dos ouvidos. Rebobinou a fita e (re)ouviu… Não quiseram acreditar. Era impossível… Mas, atentos, perceberam. As palavras cruas, fortes, não foram proferidas, por nenhum branco de segunda. De um anti-ocidental. Do líder da Coreia do Norte. De Vladimir Putin.

Por William Tonet

AForam de Donald Trump. Presidente eleito dos Estados Unidos. No 20 de Janeiro, toma posse. Mas, preteritamente, já mostra ao que veio. Amedronta os aliados. Destapa o viés colonial. Expansionista. Imperialista. Quer colonizar terras de outros países soberanos: Canadá, Gronelândia (Dinamarca), Canal do Panamá e México, alterando nomes de localidades ancestrais. Mas, diante da gravidade da pretensão o silêncio, na União Europeia e na Organização dos Estados Americanos é transversal. Espúrio. Cínico!

Fosse o presidente russo e todos os noticiários da imprensa ocidental abririam com picantes editoriais para mostrar a tendência imperial. E, agora? A boca cerrada.

A vergonha geral… Afinal o medo maior não é Putin.

O temor, está instalado. Trump, secundado por Ellon Musk, vai agitar o mundo e a extrema direita radical. Netanyau e Putin, aplaudem, pois venha o diabo e escolha o escolho…

E, enquanto isso, ainda na branca porta de uma casa branca, no banco branco de um branco presidente, velho, sonolento, despacha, milionária e selectivamente, armas, bombas, instabilidade, discriminação, genocídio, holocausto, para a Ucrânia e Israel, para exterminar o povo palestino.

Meninos ucranianos. Jovens russos. Bebés palestinos. Todos vítimas de guerras, engendradas, por e em gabinetes de velhos, que espalham a morte, longe das suas fronteiras, hasteando falsas bandeiras de liberdade e democracia.

A democracia, hoje, tem cor e tem preço. A democracia da rapina das riquezas dos povos subdesenvolvidos, tem guarida.

O opositor da Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo do mundo, que reivindicou as eleições, Edmundo Gonzalez, disposto a ser capacho ocidental e ceder a exploração das maiores reservas mundiais de petróleo do seu país, aos Estados Unidos e Ocidente, já ganhou o Prémio Sakharov, sendo reconhecido, de seguida, como presidente legítimo, por ter defendido a “branca democracia”…

REVOLUÇÃO DE CONCEITOS

Estamos a vivenciar, no mundo, uma verdadeira revolução de conceitos.

A liberdade e a democracia não são a mesma coisa em todos os oceanos. Nos EUA e Ocidente tem cor branca e pergaminhos de transparência. Em África e demais países subdesenvolvidos é cinzenta com pergaminhos da batota, aceites e defendidos com armas ocidentais, na lógica da lei das “Cartas de Alforria” e “Cartas Forais”, com os capachos a respeitar e subjugarem-se aos senhores imperiais!

A França, Inglaterra, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, não se desligam, voluntária ou involuntariamente deste viés…

Em Angola ontem e Moçambique, hoje, o mesmo propósito: transparência, verdade eleitoral, democracia, tem leitura diferente. Afinal, a branca democracia, não é transversal em todos oceanos.

Venâncio Mondlane vencedor das eleições presidenciais de Outubro de 2024, em Moçambique, país localizado no Oceano Índico, em África, com base na contabilidade dos votos legítimos dos cidadãos, não é visto da mesma maneira pela União Europeia e os Estados Unidos, que sub-repticiamente, o consideram, escravo, preto e, até agora, não capacho “entregacionista” das riquezas nacionais, logo não pode ser igual ao opositor da Venezuela.

O que impera em relação ao político moçambicano é a definição estabelecida pela Conferência de Berlim de 1885, aquando da divisão de África pelas potências coloniais, infelizmente, defendida pelo partido há 49 anos no poder (FRELIMO).

Por esta razão o Parlamento Europeu, não muge nem tuge ante a continuidade de assassinatos praticados pela Polícia da FRELIMO…

E, assim segue a exploração de minas, terras, mares, diamantes, petróleo, rubi, lítio, cobalto, madeira em Moçambique, África, América Latina, Médio Oriente e Ásia, para iluminar, encher os cofres e industrializar, Paris, Londres, Roma, Madrid, Lisboa, Berlim Washington, entre outras capitais ocidentais, deixando, escuridão, ravinas, dirigentes negros complexados, assimilados e corruptos, no poder, protegidos com armas ocidentais, para em moldes diferentes continuarem a escravizar a maioria preta.

A maioria dos líderes africanos, são uma verdadeira escória, nunca foi de libertadores, revolucionários, mas de falsos combatentes que queriam, apenas, em 1975, substituir-se, nos palácios, as mesmas mordomias dos colonos. Se dúvidas houvessem, os 50 anos de péssima (des)governação, andariam em sentido contrário, ao fomento da indústria da ladroagem, da corrupção institucional e do incremento da fome e miséria das populações.

Eles, assassinam os sonhos de milhões de jovens pretos, incitados a cruzar os mares da imigração, para desembarcarem nas ex-potências coloniais onde, a maioria, é recebida com escárnio.

Os colonizadores, cujas leis ainda imperam nas (ex) províncias ultramarinas, agora, não vêm de caravelas mas de avião, como investidores ocidentais, mantendo o mesmo viés de submissão bíblica de escravo. Eles infundem a cultura, gostos, costumes, línguas, indumentárias, do colonizador, numa transfusão mental diária, quer através da ladainha da superioridade racial, como de falsas organizações de irmandade como as Commonwealth, Francofonia, CPLP, FMI, BM, que levam os (ex)colonizados a gostar mais das equipas: Liverpool, Manchester, PSG, Marselha, Bayern, Ajax, Sporting, Benfica, Porto, língua, culinária, noticiários, universidades, hospitais dos colonizadores, que os seus…

E, nessa engenharia, para gaudio dos impérios dominantes contam com os negros Caim’s, no poder que implantam ditaduras, para assassinar os irmãos, que pensem diferente e queiram transformar as matérias – primas locais e fomentar o desenvolvimento.

Só em 2024, os Estados Unidos e o Ocidente gastaram mais de três mil triliões de dólares, em armas, para incremento de guerras, principalmente, nos países subdesenvolvidos, manutenção de ditaduras e 0,1% , para massificar a democracia e a eliminação da fome em África. Com este quadro sinótico, está tudo dito…

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